quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A última música :

   O palco de sonhos gritava o ultimo ato.  Trompetes, arpas, guitarras e flautas, narravam a bela  melancólica despedida.
A última. Ultima vez, ultima cronica, ultimo texto. Transformados em esplendida peça de todos aqueles anos.
  Foi inesperado. Aceitável, de fato.  Saber que ela partiria, sem arrependimentos ou perdão. Apenas pelo fato de poder ir e vir. De forma brusca, com certeza.
  Sem vozes, o som oco e abafado de tantos instrumentos, decepções e alegrias, tornava-se narrativa, prepotente, claro.  Antecipado, a principio.... Mas não poderia se fazer muitas coisas, para tornar a despedida, não como se não fosse doída, mas como se nunca tivesse havido a ferida. O afastamento magoa, nos deixa em loucura alucinante, sempre a procura do vazio que não vem, preenchido de lembranças. Seria formídavel dizer, que sei. Fracasso. Sei que não sei. Seria inadmissível pôr-me aqui a cismar se consegui ou não fazer o que eu queria. Sei que não consegui. 
 Rostos embaçados, em memórias ocultas. Foi o que ficou, e foi maravilhoso. Em parte. Claro.
Era perceptivel a dor que dilacerava o peito morto de cansaço, na continua maré de desastres que ocorreram, tudo pra deixar que a despedida fosse mais desejada. Surpresas assim acontecem, e nos deixam entorpecida, quando vem a dor inconsolável do adeus.
Um único violina, murmurava notas agudas em desespero contido, quase imperceptivel no meio da grande obra que seguia sem interrupções.
As memórias de dias feliz, transbordavam em distorção de horas, datas, de segundos interminaveis, de tempos inabalaveis .
Feche a cortina e silencie os instrumentos, renove o fluxo perfeito de sentimentos, mesmo que o tempo não seja o mesmo.